Associação Internacional Islâmica no Brasil 
História do Islam 3
História do Islam 3

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HISTÓRIA DO ISLAM 3ª PARTE

O Califado 

O Islam estava destinado a tornar-se numa Religião Mundial e a criar uma Civilização que se estendeu de um extremo ao outro do Globo. Inicialmente, durante os primeiros Califados Muçulmanos, primeiro os Árabes, e a seguir os Persas e mais tarde os Turcos estabeleceram a criação da Civilização Clássica Islâmica e, por isso, em pouco tempo, os reinos Muçulmanos foram estabelecidos no mundo Malaio-Indonésio enquanto os Muçulmanos Chineses floresciam na China. A história do Islam representa, praticamente, a história do mundo, nos últimos quatorze séculos.

O Alcorão fala de reis, tanto bons como maus, mas jamais fala de outra forma de governo, tal como uma república. O fato de ter havido divergências de opinião, por ocasião da morte do Profeta, mostra que ele não havia deixado instruções categóricas e precisas para a sua sucessão. Certos grupos desejavam que o poder estatal permanecesse, por hereditariedade, na família dele; e como ele não havia deixado nenhum herdeiro homem, seu primo 'Ali era o parente mais próximo que o sucederia.

Outros desejavam uma eleição "ad hoc" individual; e nesse grupo, havia divergência quanto ao candidato a ser escolhido. Uma maioria organizou-se em favor de uma eleição. A forma de governo assim instituída ficou no plano intermediário entre uma monarquia hereditária e uma república; o califa foi eleito para um mandato vitalício.

Se o fato da eleição a tornou semelhante a da república, a duração do poder era igual ao de uma monarquia. Desde o começo tem havido dissidências aos califas eleitos; mais tarde houve até pretendentes rivais que causaram, algumas vezes, derramamento de sangue na comunidade.

Tempos mais tarde, o poder foi mantido por uma dinastia. Desse modo, os Omíadas foram substituídos pelos Abássidas; estes últimos não conseguiram obter a adesão da longínqua província da Espanha, onde dinastias independentes de governantes muçulmanos detinham poderes soberanos, sem, entretanto, jamais ousarem adotar o título de "califa". Foram necessários mais dois séculos até que o mundo muçulmano viesse, a saber, a multiplicidade de califas em Bagdá, Córdoba e no Cairo (Fatimidas).

Os Turcos, ao se converterem ao Islam, introduziram um fator novo. Primeiramente, eles forneceram soldados e em seguida comandantes que se transformaram no verdadeiro poder de governo do Estado. Lado a lado com os califas, apareceu um "comandante dos comandantes" e mais tarde um "sultão", e a autoridade do Estado tornou-se dividida e a administração ficou nas mãos do Sultão que governava em nome do Califa.

Isto gerou ganância e suscitou invejas; diversos príncipes tornaram-se independentes, produzindo "dinastias" de governadores, os quais, por sua vez, eram substituídos por outros aventureiros; e o Califa não tinha opção se não de ratificar os fatos consumados onde quer que tal acontecesse.

O califado do Cairo foi o primeiro a desaparecer; e este reino foi assumido por uma dinastia de governadores turco-curdos, que reconheceu o califado de Bagdá. Quando este foi devastado por tártaros pagãos, a sede do califado foi transferida para o Cairo. Mais tarde os turcos Otomanos conquistaram o Egito, e aboliram a dinastia neo-Abássida de califas dali.

Após algum tempo, o califado espanhol rendeu-se aos conquistadores cristãos, e reconstituiu um califado no Marrocos. A Istambul dos turcos, e a Delhi dos Mongóis também pretenderam o califado; entretanto, por maiores que os seus impérios chegaram a ser, suas pretensões foram reconhecidas somente nos limites dos seus respectivos domínios. Antes desses dois houve pelo menos uma reivindicação de a qualificação obrigatória para o Califa ser um coraixita isto é, um descendente dos árabes de Makkah do tempo do Profeta.

Nem os turcos nem os mongóis preenchiam esta condição, mas voltaremos a esse ponto mais adiante. Os mongóis foram destituídos do poder na índia pelos ingleses; o califa turco de Istambul foi mais tarde deposto pelos seus próprios súditos, os quais não só escolheram uma forma republicana de governo, como nem conservaram a dignidade do califado para o chefe do estado.

Os poderes e privilégios do califa foram nominalmente confirmados pela Grande Assembléia Nacional, não sendo, entretanto, o posto, nem reivindicado nem desempenhado por eles. O último califa turco Abdulmajid II, o 100º  depois do Profeta, morreu no exílio como imigrante em Paris. Nesse meio tempo, o califado do Marrocos tornou- se um protetorado da França.  

Cabem aqui algumas observações que nos surgem em relação a tudo isto. O Profeta vaticinou que, depois dele, o califado só continuaria por trinta anos, e de que passado esse tempo, seguir-se-ia um reinado ‘’mordaz". Outra fonte atribui ao Profeta o dito no sentido de que o califado pertence à tribo de Coraix. O contexto dessa última orientação é desconhecido; mas o que o próprio Profeta praticou não parece confirmar o caráter obrigatório de tal qualificação.

Pois a história mostra que desde a sua chegada em Madina, e a criação da cidade-estado naquela localidade, o Profeta deixou sua metrópole pelo menos umas 25 vezes, em expedições militares para defender o território estatal como também em viagens de propósitos pacíficos (como a peregrinação). Em todas essas ocasiões, ele nomeou sempre um vice-regente em Madina, porém não era nunca a mesma pessoa que ele escolhia para desempenhar esse governo interino. Encontramos entre esses vice-regentes chamados de khalifa (Califa), madinenses, coraixitas, quinanitas e outros; houve até um deles que era cego.

Ao tempo de sua última viagem, quando ele empreendeu a peregrinação, três meses antes de sua morte, era uma pessoa cega que ficou como "califa" na metrópole. Outro ponto a ser notado é o de que, quando da eleição de Abu Bakr como califa, havia uma proposta para um governo conjunto, com dois califas funcionando simultaneamente. Por razões práticas, essa proposta foi rejeitada. É, entretanto, uma das formas possíveis de governo muçulmano, unia vez que é reconhecido pelo Alcorão, que se refere a Aarão como associação de Moisés no poder do estado, e porque esta forma foi preservada pelo próprio Profeta no Omã, onde Jaifar e 'Abd, que governavam juntos, haviam-se convertido ao Islam.  

O Califa universal não existe hoje em dia entre os muçulmanos; entretanto, as massas continuam a aspirar por isso. A existência muito independente dos muçulmanos é por demais sujeitas a reconquistas fragmentárias. Antes de restaurar a instituição de um califa universal, é possível que tenham de recorrer aos precedentes estabelecidos no tempo do Profeta, de modo a evitar as rivalidades e suscetibilidades regionais.

Continua...

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"Não é do propósito de Allah abandonar os crentes no estado em que vos econtrais, até que Ele separe o corrupto do benigno, nem tampouco de seu propósito é inteirar-vos, dos segredos do desconhecido; Allah escolhe, para isso, dentre os Seus mensageiros, quem Lhe apraz. Crede em Allah e em Seus mensageiros; se crerdes e temerdes, obtereis ilimitada recompensa". (Alcorão Sagrado: 3;179)

 

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Abu Huraira (R.A.A.) contou que o Mensageiro de Deus disse:
Deus é bom e não aceita nada que não seja bom, e Deus manda que os fiéis cumpram, assim como manda que façam os Seus Mensageiros, dizendo: Ó mensageiros, desfrutai de todas as dádivas e praticai o bem, porque sou sabedor de quanto fazeis. (23:51)  E Ele disse também: Ó crentes, desfrutai de todo o bem com que vos agraciamos, e agradecei a Deus, se só a Ele adorais.' (2:172) O Profeta então disse: O homem viaja uma grande distância, desgrenhado e empoeirado (para a peregrinação, a Umra e por outras razões), alçando as mãos aos céus (e dizendo): Ó Senhor! Ó Senhor!' enquanto come o que é proibido, bebe o que é proibido, veste o que é proibido, e se sustenta por meios ilícitos. Como podem suas orações serem ouvidas?" (Muslim)

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" O Allah, eu sou Teu servo, filho de Teu servo e de Tua serva, minha fronte está em Tuas mãos. Teu comando está sobre mim, é justa Tua conclusão sobre mim. Eu peço-Te, por todos os nomes que a Ti pertencem pelos quais Tú es nomeado, ou pelos que Tú revelastes em Teu livro, ou por algum daqueles que Tú ensinaste a alguma de Tuas criaturas, ou tiveste preservado-o no ocultamento, faze que o Teu Sagrado Alcorão se torne a primavera do meu coração, a luz do meu peito, a partida da minha tristeza e da minha ansiedade".

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Abu Abdullah Al Numam Ibn Bachir (R.A.A.) contou que ouviu o Mensageiro de Deus dizer:
"O que é lícito esta claro e o que é ilícito esta claro. Entre os dois há assuntos duvidosos em relação aos quais as pessoas não sabem se são lícitos ou ilícitos. Quem os evita de modo a salvaguardar a sua religião e a sua honra, esta a salvo, enquanto quem se envolve com algum deles, pode estar praticando algo ilícito, como aquele que leva seus animais para pastar próximo às terras reservadas para pastagem dos animais do Rei, e que são vedadas para os animais de outros; ao fazê-lo, torna possível que algum dos seus animais invada essas terras. O fato é que todo rei tem uma reserva, e a reserva de Deus é tudo aquilo que Ele proibiu. Em verdade em cada corpo humano existe um coágulo, se for benéfico, todo o corpo será sadio, se for maléfico, todo o corpo será doentio. Em verdade este coágulo é o coração." ( Bukhari e Muslim)